Amigo empreendedor, hoje vamos falar dele: Senor Abravanel, conhecido como Silvio Santos.
Aos 14 anos, já se virava como ambulante nas ruas do Rio de Janeiro. Aos 32, assumia o Baú da Felicidade.De Carisma inigualável, familiaridade extraordinária com o povo e imenso talento para os negócios: são raras, raríssimas as ocasiões em que essas qualidades andam lado a lado.
O dono da risada mais imitada do país é também um empreendedor do mais alto quilate, um criador de empresas bem sucedidas nos mais diversos ramos. Montou um império que reúne emissoras de TV, empresas de cosméticos e financeiras, e até um hotel. Tudo isso compõe uma trajetória absolutamente inspiradora para qualquer gestor, não importando o tamanho da organização. Uma história que, ainda que de forma resumida, resolvemos compartilhar com você:
Vinha ao mundo, em 12 de dezembro de 1930, na Lapa – RJ, o filho de dois imigrantes judeus oriundos do antigo Império Otomano (o pai, Alberto, nasceu em uma cidade que hoje pertence à Grécia; e a mãe, Rebecca, de uma cidade hoje na Turquia), batizado Senor Abravanel.
A família era numerosa: cinco irmãos. Desde cedo foi fascinado por cinema e, acompanhado por Leon, o mais novo, sempre dava um jeito de ir de graça às sessões da Cinelândia.Foi por essa época, aí com 14 anos, que Silvio Santos, então Senor, teve o primeiro ímpeto empreendedor: durante as perambulações pelo centro do Rio, deparou-se com um sujeito vendendo capinhas para proteção de título de eleitor.
Resolveu fazer o mesmo, sempre acompanhado pelo irmão. Mas a repressão policial aos ambulantes era dura, e os dois só conseguiam vender suas capinhas por 45 minutos, durante o almoço dos oficiais.
Embora por um tempo curto, a voz já potente do garoto chamou a atenção. Então, veio o convite para fazer um teste na rádio Guanabara – ele passou em primeiro lugar, à frente até de um sujeito que também estava dando seus primeiros passos: Chico Anysio.
Mas o trabalho de ambulante rendia mais, e ele logo saiu da rádio para voltar a vender nas ruas. Visão precoce para oportunidades! Depois de ser convocado para o exército e começar uma carreira militar (serviu na Escola de Paraquedistas, onde até chegou a realizar alguns saltos), a carreira de camelô ficou um pouco deslocada. Então, enquanto não estava fardado, Silvio Santos arranjou um emprego como locutor em uma rádio de Niterói, para dar uma força na renda.
Tendo que pegar, todos os dias, a barca para atravessar a Baía de Guanabara, Silvio teve uma ideia: montar um serviço de auto falante no transporte. Tocava músicas e, entre uma canção e outra, ele vendia alguns produtos.
Deu tão certo que logo todas as barcas contavam com o serviço. Algumas até aprimoraram, e instalaram um bar e um bingo – por iniciativa, claro, do jovem Silvio Santos.
Aos 20 anos, o jovem e desenvolto radialista resolveu arriscar a vida em São Paulo. Uma vez na capital, Silvio Santos virava-se apresentando espetáculos e sorteios em caravanas de artistas. Foi por essa época que se tornou amigo do também radialista Manuel da Nóbrega (pai do apresentador da “Praça é Nossa”, Carlos Alberto), que tinha dificuldades para administrar uma empresa de venda de brinquedos a prazo. O nome? “Baú da Felicidade”.
Tratava-se de um sistema de carnês em que o cliente pagava as prestações de uma caixa de brinquedos ao longo do ano, e recebia os produtos na época do Natal. Nóbrega havia vendido muitos carnês, mas estava com dificuldade para entregar as mercadorias. Então, pediu a ajuda de Silvio para resolver a situação antes de fechar a empresa.
Acontece que o faro de Silvio Santos funcionou mais uma vez. Ele viu uma grande oportunidade, e assumiu o controle total do Baú. Era o início do que, em 1962, viria a se tornar o Grupo Silvio Santos.
Com o negócio de vento em popa, Silvio Santos resolveu dar mais um importante passo: em 1961, com trinta anos, estreou seu programa de TV, chamado “Vamos brincar de forca”. Tendo Senor adotado de vez o nome artístico, a atração depois foi rebatizada como “Programa Silvio Santos”: nela, o apresentador aproveitava para fazer propaganda de seu Baú.
A empresa já não distribuía só brinquedos e eletrodomésticos, mas uma enorme gama de produtos – e fazia muito sucesso. A ponto de Silvio Santos ter de criar uma série de empresas para suprir as demandas do Baú: a Baú Construtora, a concessionária Vimave e a Marca Filmes são alguns exemplos.
Atuando ao mesmo tempo apresentador e empresário bem sucedido, Silvio Santos começou, nos anos 70, a sonhar com a própria emissora. Um sonho que se realizou em 1975, quando ficou em primeiro lugar na concorrência para o Canal 11, do RJ. Com mais de 13 mil funcionários e investimento inicial de 10 milhões de dólares, começava a operar a TVs.
Seis anos depois, Silvio ganhou a concessão de mais quatro emissoras que, juntas, foram rebatizadas como Sistema Brasileiro de Televisão, o SBT. Assim, o empresário conseguiria vender seus produtos e serviços a custos quase ínfimos.
Nos anos 80, a popularidade de Silvio Santos era tamanha que não foram poucos os convites para que entrasse na política. A ponto de quase sair candidato à presidência em 1989 – chegou a fazer campanha no SBT, mas o projeto não foi à frente; a candidatura foi barrada devido a ser ele o proprietário de uma concessionária de TV.
Daí em diante, Silvio Santos se dedicou a consolidar e expandir o SBT, o que fez com sucesso. Nos anos 2000, porém, voltou a se aventurar em novas áreas. E acertou de novo: em 2006 lançou a Jequiti Cosméticos e, em 2007, abriu as portas do Sofitel Jequitimar Guarujá, um luxuoso hotel no litoral paulistano.
Depois de décadas e décadas de céu de brigadeiro, porém, as nuvens agourentas se acumularam. No começo da década de 2010, o Grupo Silvio Santos passou por maus bocados: foi descoberto um rombo de R$ 4,3 bilhões no Banco PanAmericano, o que levou o empresário a cogitar vender todo o seu império e ir morar nos Estados Unidos.
O projeto acabou não vingando. Silvio empenhou várias de suas empresas, quitou a dívida e apostou todas as suas fichas na Jequiti. Mais uma vez o faro se provou certeiro: a marca vem crescendo cerca de 20% ao ano, o dobro da taxa registrada pelo setor de cosméticos.
Passados quatro anos da crise, o Grupo continua firme, com ótimas perspectivas. E embora Silvio Santos já acumule 84 anos dessa história espetacular, continua ativo não apenas na gestão dos negócios, mas também na apresentação de seus programas. Ou seja, tudo indica que o Brasil ainda poderá curtir, por um bom tempo, este inigualável exemplo de carisma e empreendedorismo.
Desperte o empreendedor dentro de você e avante, até a próxima!